terça-feira, 27 de julho de 2010
Hoje integrantes do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) estão nos Ministérios das Comunicações (Franklin Martins) e da Cultura (Juca Ferreira) e endossaram o chamado Programa Nacional de Direitos Humanos III (no link, agora em pdf), do governo Lula, onde os direitos homossexuais aparecem mesclados a seus velhos sonhos de implantar um regime autoritário de esquerda no Brasil.
Em 1981, contudo, o MR-8 era uma organização proscrita pelo regime militar que considerava as questões específicas das mulheres como luta menor e as lésbicas como não-mulheres que não deveriam participar dos encontros feministas, encontros estes que desejavam aparelhar para a luta de classes e contra a ditadura.
Ao contrário da situação atual, tanto o movimento feminista quanto o incipiente Movimento Homossexual buscavam autonomia em relação às organizações da política tradicional e a afirmação de suas especificidades como luta tão importante quanto a luta geral. Antes como hoje, organizações como o MR-8 não viam essa independência com bons olhos e a atacavam em seu jornal Hora do Povo:
No seu número de 6 de fevereiro de 1981, um artigo atacava as ‘autonomistas’ do movimento feminista: grã-finas desorientadas, lideradas por lésbicas! Acima do artigo, uma charge assinada por Maringoni em que apareciam, entre outras mulheres, duas lésbicas, uma tendo um ataque histérico ao ver mulheres do povo, enquanto a outra, caricaturalmente ‘machona’, tenta levá-la para casa. (MACRAE, 1983, p. 58)
As militantes do MR-8 não queriam a participação das lésbicas no III Congresso da Mulher Paulista, e uma de suas integrantes chegou a declarar à Folha de S. Paulo que ‘a lésbica nega a sua própria condição de mulher, e não pode fazer parte de um movimento feminino’.” (TELES, 1993, p. 124).
O jornal Lampião da Esquina também registrou o embate entre as lésbicas do Grupo Lésbico-Feminista e as integrantes do Hora do Povo: “De tímidas participantes o ano passado, as lésbicas emergiram para a crista da onda neste 3º CMP, ao se tornarem alvo predileto do grupo HP , para quem a coisa se colocava assim: de um lado as lésbicas, de outro o povo brasileiro.” (Lampião da Esquina, ano 3, n. 35. Rio de Janeiro, ago. 1981, p. 12).
O próprio grupo registrou essa experiência em seu boletim ChanacomChana:
Aprendemos realmente muito sobre ‘organização’ neste Congresso, pois passada a euforia do nosso aparecimento no Movimento Feminista, tivemos que nos deparar não só com os insultos proferidos pelas militantes do jornal Hora do Povo, porta voz do proscrito MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) que procurou tumultuar no que pode a elaboração do evento, como também com a falta de solidariedade das outras feministas. Enquanto as ‘HPistas’ nos acusavam de imitar os homens no que eles têm de mais caricatural, de não assumirmos nossa ‘condição de mulheres’ e de comprometermos a representatividade do Movimento porque éramos ‘sapatões’, por outro lado, um dos mais conceituados e tradicionais dos grupos feministas de São Paulo ameaçava sair da organização do Congresso por considerarem haver um excesso de lésbicas na ocasião. (ChanacomChana, n. 3. São Paulo, maio 1983, p. 3)
Durante toda a década de oitenta até os primeiros anos da década de noventa, até mais precisamente 1993, a organização LGBT brasileira manteve sua autonomia em relação a essas instâncias da esquerda ortodoxa, inclusive porque elas entraram em declínio com a redemocratização do país e o colapso dos regimes comunistas no Leste Europeu e em alguns países da Ásia. Depois, essas forças se rearticularam, através da entidade Foro de São Paulo (fundada por Lula e Fidel Castro em 1990) e, sobretudo o PT, através de seus núcleos de gays e lésbicas, foi progressivamente tomando espaço e acabando com a autonomia do movimento. Com a chegada de Lula ao poder, de 2003 em diante, o MHB/MLGBT foi totalmente cooptado e aparelhado pelo glpetistas e outros integrantes da esquerda autoritária, tanto que jocosamente o movimento é chamado de LGPT.
Na verdade, as esquerdas ortodoxas que, na época da ditadura militar (1964-1984), lutaram basicamente em nome da democracia (hoje se sabe que de fato apenas disputavam com a direita extremista o direito de instalar sua ditadura) e da classe trabalhadora contra a burguesia (na chamada luta de classes), com o passar do tempo, perceberam que era mais útil engrossar seu rol de "oprimidos" com os movimentos filhos da contracultura, da esquerda libertária, como o negro, feminista, ecológico e homossexual. Feministas deixaram então de ser burguesas desocupadas e homossexuais um produto do capitalismo decadente para se tornar os novos oprimidos do sistema capitalista, patriarcal e homofóbico.
Hoje esses movimentos funcionam como correias de transmissão do partido e de seu afã de instalar uma ditadura populista no Brasil. Não por menos deram apoio a versão petista do Programa Nacional de Direitos Humanos III em que os direitos homossexuais (bem como os direitos de outros movimentos) aparecem como cobertura para o recheio autoritário do governo, onde se leem propostas de controle da imprensa, do fim do direito de propriedade (que só estaria protegida se tivesse função social, função esta definida pelo governo e seus "movimentos sociais") e outras tantas coisas de arrepiar os cabelos.
De qualquer forma, é ilusório supor que a população LGBT, caso nos aconteça a tragédia da vitória de Dilma Roussef (continuidade do atual governo), venha a ter muitas regalias na sonhada ditadura dessa gente. As liberdades individuais, das quais a vivência da homossexualidade depende, nunca se deram bem com regimes comunistas ou afins. Haverá apenas os pelegos homossexuais do partido posando para as fotos oficiais enquanto a maioria da população é reprimida como até hoje acontece em Cuba e na China. Para a Conferência da ILGA-LAC*, que agora acontece em Curitiba (26 a 30/01), até última informação, ativistas cubanos não haviam tido permissão para vir ao Brasil e participar do evento. Perigas de eles tentarem escapar e ficar por aqui se esbaldando nos horrores do mundo capitalista, não é mesmo?
MOVIMENTO HOMOSSEXUAL BRASILEIRO OU LGBT E AS ESQUERDAS: NÃO QUERIAM AS LÉSBICAS EM CONGRESSOS DE MULHERES.
Hoje integrantes do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) estão nos Ministérios das Comunicações (Franklin Martins) e da Cultura (Juca Ferreira) e endossaram o chamado Programa Nacional de Direitos Humanos III (no link, agora em pdf), do governo Lula, onde os direitos homossexuais aparecem mesclados a seus velhos sonhos de implantar um regime autoritário de esquerda no Brasil.
Em 1981, contudo, o MR-8 era uma organização proscrita pelo regime militar que considerava as questões específicas das mulheres como luta menor e as lésbicas como não-mulheres que não deveriam participar dos encontros feministas, encontros estes que desejavam aparelhar para a luta de classes e contra a ditadura.
Ao contrário da situação atual, tanto o movimento feminista quanto o incipiente Movimento Homossexual buscavam autonomia em relação às organizações da política tradicional e a afirmação de suas especificidades como luta tão importante quanto a luta geral. Antes como hoje, organizações como o MR-8 não viam essa independência com bons olhos e a atacavam em seu jornal Hora do Povo:
No seu número de 6 de fevereiro de 1981, um artigo atacava as ‘autonomistas’ do movimento feminista: grã-finas desorientadas, lideradas por lésbicas! Acima do artigo, uma charge assinada por Maringoni em que apareciam, entre outras mulheres, duas lésbicas, uma tendo um ataque histérico ao ver mulheres do povo, enquanto a outra, caricaturalmente ‘machona’, tenta levá-la para casa. (MACRAE, 1983, p. 58)
As militantes do MR-8 não queriam a participação das lésbicas no III Congresso da Mulher Paulista, e uma de suas integrantes chegou a declarar à Folha de S. Paulo que ‘a lésbica nega a sua própria condição de mulher, e não pode fazer parte de um movimento feminino’.” (TELES, 1993, p. 124).
O jornal Lampião da Esquina também registrou o embate entre as lésbicas do Grupo Lésbico-Feminista e as integrantes do Hora do Povo: “De tímidas participantes o ano passado, as lésbicas emergiram para a crista da onda neste 3º CMP, ao se tornarem alvo predileto do grupo HP , para quem a coisa se colocava assim: de um lado as lésbicas, de outro o povo brasileiro.” (Lampião da Esquina, ano 3, n. 35. Rio de Janeiro, ago. 1981, p. 12).
O próprio grupo registrou essa experiência em seu boletim ChanacomChana:
Aprendemos realmente muito sobre ‘organização’ neste Congresso, pois passada a euforia do nosso aparecimento no Movimento Feminista, tivemos que nos deparar não só com os insultos proferidos pelas militantes do jornal Hora do Povo, porta voz do proscrito MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) que procurou tumultuar no que pode a elaboração do evento, como também com a falta de solidariedade das outras feministas. Enquanto as ‘HPistas’ nos acusavam de imitar os homens no que eles têm de mais caricatural, de não assumirmos nossa ‘condição de mulheres’ e de comprometermos a representatividade do Movimento porque éramos ‘sapatões’, por outro lado, um dos mais conceituados e tradicionais dos grupos feministas de São Paulo ameaçava sair da organização do Congresso por considerarem haver um excesso de lésbicas na ocasião. (ChanacomChana, n. 3. São Paulo, maio 1983, p. 3)
Durante toda a década de oitenta até os primeiros anos da década de noventa, até mais precisamente 1993, a organização LGBT brasileira manteve sua autonomia em relação a essas instâncias da esquerda ortodoxa, inclusive porque elas entraram em declínio com a redemocratização do país e o colapso dos regimes comunistas no Leste Europeu e em alguns países da Ásia. Depois, essas forças se rearticularam, através da entidade Foro de São Paulo (fundada por Lula e Fidel Castro em 1990) e, sobretudo o PT, através de seus núcleos de gays e lésbicas, foi progressivamente tomando espaço e acabando com a autonomia do movimento. Com a chegada de Lula ao poder, de 2003 em diante, o MHB/MLGBT foi totalmente cooptado e aparelhado pelo glpetistas e outros integrantes da esquerda autoritária, tanto que jocosamente o movimento é chamado de LGPT.
Na verdade, as esquerdas ortodoxas que, na época da ditadura militar (1964-1984), lutaram basicamente em nome da democracia (hoje se sabe que de fato apenas disputavam com a direita extremista o direito de instalar sua ditadura) e da classe trabalhadora contra a burguesia (na chamada luta de classes), com o passar do tempo, perceberam que era mais útil engrossar seu rol de "oprimidos" com os movimentos filhos da contracultura, da esquerda libertária, como o negro, feminista, ecológico e homossexual. Feministas deixaram então de ser burguesas desocupadas e homossexuais um produto do capitalismo decadente para se tornar os novos oprimidos do sistema capitalista, patriarcal e homofóbico.
Hoje esses movimentos funcionam como correias de transmissão do partido e de seu afã de instalar uma ditadura populista no Brasil. Não por menos deram apoio a versão petista do Programa Nacional de Direitos Humanos III em que os direitos homossexuais (bem como os direitos de outros movimentos) aparecem como cobertura para o recheio autoritário do governo, onde se leem propostas de controle da imprensa, do fim do direito de propriedade (que só estaria protegida se tivesse função social, função esta definida pelo governo e seus "movimentos sociais") e outras tantas coisas de arrepiar os cabelos.
De qualquer forma, é ilusório supor que a população LGBT, caso nos aconteça a tragédia da vitória de Dilma Roussef (continuidade do atual governo), venha a ter muitas regalias na sonhada ditadura dessa gente. As liberdades individuais, das quais a vivência da homossexualidade depende, nunca se deram bem com regimes comunistas ou afins. Haverá apenas os pelegos homossexuais do partido posando para as fotos oficiais enquanto a maioria da população é reprimida como até hoje acontece em Cuba e na China. Para a Conferência da ILGA-LAC*, que agora acontece em Curitiba (26 a 30/01), até última informação, ativistas cubanos não haviam tido permissão para vir ao Brasil e participar do evento. Perigas de eles tentarem escapar e ficar por aqui se esbaldando nos horrores do mundo capitalista, não é mesmo?
Hoje integrantes do Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) estão nos Ministérios das Comunicações (Franklin Martins) e da Cultura (Juca Ferreira) e endossaram o chamado Programa Nacional de Direitos Humanos III (no link, agora em pdf), do governo Lula, onde os direitos homossexuais aparecem mesclados a seus velhos sonhos de implantar um regime autoritário de esquerda no Brasil.
Em 1981, contudo, o MR-8 era uma organização proscrita pelo regime militar que considerava as questões específicas das mulheres como luta menor e as lésbicas como não-mulheres que não deveriam participar dos encontros feministas, encontros estes que desejavam aparelhar para a luta de classes e contra a ditadura.
Ao contrário da situação atual, tanto o movimento feminista quanto o incipiente Movimento Homossexual buscavam autonomia em relação às organizações da política tradicional e a afirmação de suas especificidades como luta tão importante quanto a luta geral. Antes como hoje, organizações como o MR-8 não viam essa independência com bons olhos e a atacavam em seu jornal Hora do Povo:
No seu número de 6 de fevereiro de 1981, um artigo atacava as ‘autonomistas’ do movimento feminista: grã-finas desorientadas, lideradas por lésbicas! Acima do artigo, uma charge assinada por Maringoni em que apareciam, entre outras mulheres, duas lésbicas, uma tendo um ataque histérico ao ver mulheres do povo, enquanto a outra, caricaturalmente ‘machona’, tenta levá-la para casa. (MACRAE, 1983, p. 58)
As militantes do MR-8 não queriam a participação das lésbicas no III Congresso da Mulher Paulista, e uma de suas integrantes chegou a declarar à Folha de S. Paulo que ‘a lésbica nega a sua própria condição de mulher, e não pode fazer parte de um movimento feminino’.” (TELES, 1993, p. 124).
O jornal Lampião da Esquina também registrou o embate entre as lésbicas do Grupo Lésbico-Feminista e as integrantes do Hora do Povo: “De tímidas participantes o ano passado, as lésbicas emergiram para a crista da onda neste 3º CMP, ao se tornarem alvo predileto do grupo HP , para quem a coisa se colocava assim: de um lado as lésbicas, de outro o povo brasileiro.” (Lampião da Esquina, ano 3, n. 35. Rio de Janeiro, ago. 1981, p. 12).
O próprio grupo registrou essa experiência em seu boletim ChanacomChana:
Aprendemos realmente muito sobre ‘organização’ neste Congresso, pois passada a euforia do nosso aparecimento no Movimento Feminista, tivemos que nos deparar não só com os insultos proferidos pelas militantes do jornal Hora do Povo, porta voz do proscrito MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) que procurou tumultuar no que pode a elaboração do evento, como também com a falta de solidariedade das outras feministas. Enquanto as ‘HPistas’ nos acusavam de imitar os homens no que eles têm de mais caricatural, de não assumirmos nossa ‘condição de mulheres’ e de comprometermos a representatividade do Movimento porque éramos ‘sapatões’, por outro lado, um dos mais conceituados e tradicionais dos grupos feministas de São Paulo ameaçava sair da organização do Congresso por considerarem haver um excesso de lésbicas na ocasião. (ChanacomChana, n. 3. São Paulo, maio 1983, p. 3)
Durante toda a década de oitenta até os primeiros anos da década de noventa, até mais precisamente 1993, a organização LGBT brasileira manteve sua autonomia em relação a essas instâncias da esquerda ortodoxa, inclusive porque elas entraram em declínio com a redemocratização do país e o colapso dos regimes comunistas no Leste Europeu e em alguns países da Ásia. Depois, essas forças se rearticularam, através da entidade Foro de São Paulo (fundada por Lula e Fidel Castro em 1990) e, sobretudo o PT, através de seus núcleos de gays e lésbicas, foi progressivamente tomando espaço e acabando com a autonomia do movimento. Com a chegada de Lula ao poder, de 2003 em diante, o MHB/MLGBT foi totalmente cooptado e aparelhado pelo glpetistas e outros integrantes da esquerda autoritária, tanto que jocosamente o movimento é chamado de LGPT.
Na verdade, as esquerdas ortodoxas que, na época da ditadura militar (1964-1984), lutaram basicamente em nome da democracia (hoje se sabe que de fato apenas disputavam com a direita extremista o direito de instalar sua ditadura) e da classe trabalhadora contra a burguesia (na chamada luta de classes), com o passar do tempo, perceberam que era mais útil engrossar seu rol de "oprimidos" com os movimentos filhos da contracultura, da esquerda libertária, como o negro, feminista, ecológico e homossexual. Feministas deixaram então de ser burguesas desocupadas e homossexuais um produto do capitalismo decadente para se tornar os novos oprimidos do sistema capitalista, patriarcal e homofóbico.
Hoje esses movimentos funcionam como correias de transmissão do partido e de seu afã de instalar uma ditadura populista no Brasil. Não por menos deram apoio a versão petista do Programa Nacional de Direitos Humanos III em que os direitos homossexuais (bem como os direitos de outros movimentos) aparecem como cobertura para o recheio autoritário do governo, onde se leem propostas de controle da imprensa, do fim do direito de propriedade (que só estaria protegida se tivesse função social, função esta definida pelo governo e seus "movimentos sociais") e outras tantas coisas de arrepiar os cabelos.
De qualquer forma, é ilusório supor que a população LGBT, caso nos aconteça a tragédia da vitória de Dilma Roussef (continuidade do atual governo), venha a ter muitas regalias na sonhada ditadura dessa gente. As liberdades individuais, das quais a vivência da homossexualidade depende, nunca se deram bem com regimes comunistas ou afins. Haverá apenas os pelegos homossexuais do partido posando para as fotos oficiais enquanto a maioria da população é reprimida como até hoje acontece em Cuba e na China. Para a Conferência da ILGA-LAC*, que agora acontece em Curitiba (26 a 30/01), até última informação, ativistas cubanos não haviam tido permissão para vir ao Brasil e participar do evento. Perigas de eles tentarem escapar e ficar por aqui se esbaldando nos horrores do mundo capitalista, não é mesmo?
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